quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Vai um cafezinho aí?!

É muito comum  e cordial oferecer algo as pessoas que visitam nossa casa. Dentre as infinidades de guloseimas e bebidas oferecidas está o café. Um bom bate papo sempre é acompanhado de uma boa xícara de café (ou várias!!).

(créditos: http://www.jblog.com.br/media/27/20071119-cafe.jpg)

        

            Agora, você nem imagina o quanto de ciência e principalmente história está contida numa xícara de café. Antes de continuar a leitura vá até a cozinha e pegue um pouco de café do jeito que lhe agrada, pois agora nós vamos viajar.

        Diz a lenda que o café foi descoberto no século III d.C., por um pastor de cabras chamado de Kaldi. Certa noite o pastor ficou muito preocupado, pois suas cabra não tinham retornado para sua propriedade, então o pastor decidiu descobri o que aconteceu com seu rebanho e saiu atrás das cabras.

        Kaldi encontrou as cabras de certa forma muito eufóricas e com energia, logo ele percebeu que seus animais alimentavam-se de frutas avermelhadas de um arbusto que predominava na que lugar. Intrigado com a situação, o pastor resolver provar a fruta. Kaldi, após provar o fruto, sentiu-se com muito vigor e disposição física.

        O pastor resolveu então levar o fruto até o monge da região, que logo decretou que aquela fruta liberava uma substância alucinógena e por isso foi considerada obra do demônio. O monge ordenou que Kaldi ateasse fogo ao restante dos frutos. Mas, a fumaça que foi produzida pela queima exalava um aroma delicioso, que se disseminou pelo monastério e chamou a atenção de todos os outros monges. Curiosos pelo agradável cheiro resolveram fazer um sumo co os restos dos frutos queimados. Nesse estante nasceu o nosso famoso café.

        Lendas a parte, a planta de café é originária da Etiópia, centro da África, onde ainda hoje faz parte da vegetação natural. Foi a Arábia a responsável pela propagação da cultura do café. O nome café é originado da palavra árabe qahwa, que significa vinho. Por esse motivo, o café era conhecido como "vinho da Arábia" quando chegou à Europa no século XIV.

        Os manuscritos mais antigos mencionando a cultura do café datam de 575 no Iêmen, onde, consumido como fruto in natura, passa a ser cultivado. Somente no século XVI, na Pérsia, os primeiros grãos de café foram torrados para se transformar na bebida que hoje conhecemos.

        Histórias sobre a nova bebida logo se espalharam pela Europa, que importou mudas da planta para o próprio cultivo. Na Europa, o café ganhou áreas mais aristocratas, sendo consumido pela alta sociedade da época em ocasiões de encontros sociais e outras festividades.

        As cafeterias ganharam espaço na Europa a partir do século XVII. Nesse mesmo período floresciam os ideais iluministas e se delineava a Revolução Francesa. Durante tardes inteiras, jovens europeus encontravam-se para tomar café e discutir ciência, literatura, arte e aspectos políticos da época. Atualmente, algumas casas famosas como o Café Procope, em Paris, e o Café Florian, em Veneza, ainda preservam o glamour dessa época.

        No Brasil, o café chegou primeiramente em Belém em 1727, trazido da Guina Francesa pelo Sargento Francisco Mello Palheta a pedido dos governos do Grão Pará e do Maranhão. As condições climáticas do nosso país favoreceram o cultivo do café que se espalhou por praticamente todo o nosso território (as principais áreas de cultivo concentravam-se no Sudeste do Brasil). O café iniciou um novo ciclo econômico no Brasil, fazendo do nosso país um dos principais produtores desta mercadoria. Em muitas idas e vindas do peculiar clima da região sudeste e na situação econômica do mundo, o cultivo do café foi abalado, mas sobreviveu e hoje ainda somos considerados um dos principais produtores e consumidores de café no mundo.

        No que diz respeito à saúde, existe muito mito e informações sem fundamento. Uma delas é sobre os componentes químicos do café. como muitos podem pensar, a cafeína não é o principal componente do café. Sua quantidade é de 1 a 2,5% de cada cafezinho que você toma.

        O grão de café possui uma grande variedade de substâncias:

Minerais: potássio, magnésio, cálcio, sódio, ferro, manganês, rubídio, zinco, Cobre, estrôncio, cromo, vanádio, bário, níquel, cobalto, chumbo, molibdênio, titânio e cádmio;

Aminoácidos: alanina, arginina, asparagina, cisteína, ácido glutâmico, glicina, histidina, isoleucina, lisina, metionina, fenilalanina, prolina, serina, treonina, tirosina, valina;

Lipídeos: triglicerídeos e ácidos graxos livres;

Açúcares: sacrose, glicose, frutose, arabinose, galactose, maltose e polissacarídeos. 

Vitamina: niacina (vitamina B3 ou vitamina PP);

Ácidos clorogênicos (principal componente): na proporção de 7 a 10 %, isto é, 3 a 5 vezes mais que a cafeína. Após a torra, os ácidos clorogênicos formam diversos quinídeos que possuem vários efeitos farmacológicos, como aumento da captação de glicose (efeito antidiabético), ação antagonista opióide (efeito anti-alcoolismo) e inibidora da recaptação da adenosina (efeito benéfico na microcirculação).

            Em reportagem da Revista Galileu (junho de 2003) foi discutida a polêmica sobre o suposto fator viciante do café. A neurologista Suzana Herculano explicou que para viciar é necessário que a substância atinja o sistema de recompensa do cérebro. Estudos mostram que em ratos a cafeína atua no núcleo accumbens (centro do sistema de recompensa). Mas, muitos autores criticam tal estudo por não considerar o café em sua totalidade e, sabe-se que a quantidade de cafeína presente no café concentra-se no córtex cerebral (estimulando a vigília). Mesmo que o café atue na região que outras drogas mais poderosas (cocaína, morfina e até o álcool), nunca se descreveu nenhum caso em que um pessoa precisa-se cada vez mais de café, ao contrário do que ocorre com outras drogas citadas (Revista Galileu, junho 2003 - modificado).


(créditos: http://www.espacocomenius.com.br/circuito_de_recompensa_3_animado.gif)

            

            Sabe-se que a cafeína sabota um dos sistema de sinalizam celular resposável por "acalmar" as células. A cafeína inibe a ação de uma enzima (fosfodiesterase) que degrada uma substância (AMP cíclico) que ativa vários processos intracelulares, logo sem a inibição a célula fica ativa por mais tempo.

        Agora, quando você provar um bom café de manhã cedo ou em qualquer hora do dia, você estará saboreando mais de mil anos de história e ciência. 

3 comentários:

  1. Fala Tio Erik, tu és maluco msm mas maluquices a parte o Blob tá excelente!!!!

    Ass.:Hamilton

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  2. Hahahah, mto legal o texto Erik... cade a parte da nossa maldita amiga homocisteína?

    Abração, Victor

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